A coragem

A coragem

Se queres fazer alguma coisa, fá-la pelos motivos certos

A nossa vida é feita de muitos “fazeres”. Fazer a cama, fazer o jantar, fazer o IRS, fazer a revisão do carro, fazer, fazer, fazer. É uma tal roda viva de “fazeres” que é muito fácil sentirmo-nos sufocados. E quando nos sentimos assim, fazemos o quê ? Continuamos como se nada fosse, porque “bola pra frente que atrás vem gente”. Porque, o meu Filho precisa de mim, a minha Mãe precisa de mim, o meu Marido precisa de mim. Mas sabes, tenho uma novidade para ti: TU precisas de ti. E andas a falhar-te a ti próprio como as notas de 500€…

 

“Apetecia-me tanto ir dar uma volta à praia, mas tenho tanta coisa pra fazer em casa” - dizia ela no café matinal com a amiga. “Pois é amiga, tem que ser”.

Tem que ser? Mas porque é que tem que ser? Vamos lá desmontar este conceito do tem que ser.

Vivemos numa sociedade que (ainda, e não me venham com histórias que não, porque só no Instagram é que é tudo um conto de fadas), pressiona muito as pessoas a encaixarem-se num determinado estereótipo, principalmente quando têm filhos.

Foste Mãe? Então, deves viver, respirar, e pensar apenas e somente no teu Filho, e não podes sequer pensar em olhar pro lado. E se foste Pai, é suposto fazeres todas as vontades à tua companheira, seres sempre o pilar de apoio forte, não tens direito aos teus tempos na tua “caverna”, tens que estar disponível 24/7.

Caso algum destes papéis falhe em alguma altura, então logo se levantam vários dedos na tua direção: NÃO ESTÁS A SER BOA MÃE/BOM PAI.

É claro que esses dedos não são sempre tão óbvios e diretos como isto, mas estão lá na mesma, nos olhares esquivos e comentários baixinhos.

Vou reencontrar a minha curiosidade

 

Lembras-te quando eras miud@ e construías quintas de formigas? Passavas horas a vê-las a criar carreirinhos pelo meio da terra, a vê-las transportar folhas 20 vezes maiores que elas, sempre focadas no seu objetivo de construir o seu formigueiro. Porque é que fazias isso? Eras criança e não pensavas nisso, só o fazias. Porque tinhas curiosidade, tinhas fome de saber, querias saber “e se eu fizer isto, o que acontece”?

É pena que conforme vamos crescendo, essa curiosidade vá desaparecendo e seja substituída pelo peso das responsabilidades. Conforme o tempo foi passando depois de ter sido Mãe, também a minha curiosidade foi sendo substituída pelas tarefas, o cansaço, e tudo o mais. Deixei de ser capaz de ser eu própria, e perdi-me no meio dessas pressões todas.

Até que chegou o dia em que a inquietação apareceu. Aquela vozinha lá no fundo da minha mente, a querer ser e fazer mais, e mostrar ao mundo que eu era capaz disso, e de tudo a que me quisesse propôr.

Essa vozinha foi o motor de motivação para começar um projeto novo, o Blog d’a Margarette (que já existe desde 2017, embora noutra plataforma!), que mais tarde me levou a acender a chama da formação, e a chegar ao ponto em que estou hoje.

Não vou dizer que foi fácil, teve muitos momentos frustrantes, tal como uma criança aprende a ler e a escrever, tive que aprender muitas coisas do zero sozinha, com o google e o youtube como meus melhores amigos. E embora já leve a Margarette à 4 anos, sinto que ainda agora comecei, que tudo é novidade, e sinto-me mais do que feliz por ter iniciado esse percurso, por ter tido a coragem de ouvir a minha curiosidade e deixá-la desenvolver-se.

Quando fizeres alguma coisa, fá-la pelos motivos certos. Vais alimentar a mente, a alma, o coração, vais ser 30 000 vezes melhor Mãe, Pai, Esposa, Esposo, Amigo, Profissional, tudo o que queiras ser. É intimidante pensar nisso tudo , mas está muito mais no teu controlo do que pensas.

Vamos dar o salto juntos? Anda, eu caminho ao teu lado.

 
Margarida PiresComentário