O ano que decidiu ligar o turbo

É impressão minha ou este ano está a passar a correr? E este mês também, que ainda “ontem” estávamos no inicio do mês e já vamos a 21…

Feliz Primavera, by the way.

O mês de Fevereiro foi para mim cheio cheio, muitos altos, alguns baixos, mas com uma sensação boa de dever cumprido, e de continuar com os meus objetivos à vista: fazer muita arte, viver a vida e mostrar gratidão por tudo o que tem sido colocado no meu caminho...

Como não podia deixar de ser, defini 5000000 objetivos para mim própria, e fiz o meu melhor para chegar a todos. É claro que, a vida não deixa e acontecer: viroses do mais pequenino ao mais crescido, visitas ao hospital, solicitações que não estavam programadas, e por aí fora. Não posso dizer que cheguei a todos, mas também não me considero propriamente mal sucedida.

No que toca à ilustração, quando escrevi a publicação passada, queria ter sido eu a criar a imagem que acompanhava o texto, mas depressa cheguei à conclusão que não ia ser possível; fui buscar uma ilustração ao banco de imagens que habitualmente uso, porque a minha prioridade era mesmo pôr o texto cá para fora e não me prender com pormenores “menores”. Mas, não querendo desperdiçar a inspiração, criei na mesma uma ilustração com inspiração nesse texto.

A minha forma de pensar o processo de ilustração tem mudado bastante ao longo do tempo, até porque conforme o destino da ilustração muda (editorial, comercial, comissionada), também o processo muda ligeiramente. Mas estou a tentar fazer um esforço para documentar mais esse processo, tirar notas das coisas que me vêm à mente enquanto estou a trabalhar, porque os pensamentos voam a tanta velocidade na minha cabeça que se eu não os agarrar no papel na hora, muitas vezes eles desaparecem para nunca mais serem vistos. E tento fazer essas anotações em todo o percurso, mesmo a partir do momento em que estou a olhar para as referências: porque me atrai certa ilustração? São as cores? O movimento? As texturas? Tudo isto, num esforço de tornar toda a minha criação de arte, num movimento fluído, e de reduzir ao máximo qualquer resistência que possa encontrar no caminho.

A ilustração do cavalinho-que-já-é-unicórnio-e-não-sabia, foi feita com o objetivo de treinar a perspectiva, e conseguir mostrar algo de misterioso além daquele portão por onde o cavalinho passou, que nos faça imaginar o mundo de onde ele vem, e o percurso que teve que fazer até chegar ali. Gostei muito do resultado! Mas como não podia deixar de ser, já a imaginei reconfigurada de mais 3 ou 4 maneiras diferentes. Eternamente insatisfeita, enfim!

Tenho sido abordada nos últimos tempos para alguns projetos diferentes, tanto profissionais, como pessoais; estou a planear refazer o livro que ilustrei para a Vera Carvalhal, “Uma Aventura em Busca de Dragões”; e vou iniciar outro livro ilustrado em breve.
Na creche do meu filho, a sua Educadora desafiou-me também a criar um projeto cujo resultado final seja um teatro de fantoches, e em que os meninos de todas as salas pudessem dar o seu contributo. Ainda está em progresso, mas estou a adorar até agora todos os passos, porque este tipo de atividades mais interativas, que também fazem recurso à imagem, não são algo com que me cruze com frequência. E sabe bem sair da “caixa” de vez em quando. É essa para mim, a importância dos projetos pessoais: algo que fazes, sem esperar remuneração de volta, seja iniciado por ti ou por outra pessoa, em que te vês obrigada a pensar de maneira diferente e desenvolver outras competências. E quem não gosta estar rodeada de bebés? Já consigo ouvir as minhas sinapses a estalar!

Trabalhar mais com crianças, tem sido também um dos objetivos de 2024 em que estou focada, nomeadamente no que toca aos meus Workshops. Acho que conviver mais com as faixas etárias para as quais quero ilustrar, me traz perspectivas novas sobre o meu trabalho; o meu cérebro de adulta já está demasiado fixado nos seus hábitos e vícios, e é sempre bem vinda a oportunidade de ver as coisas de uma outra perspectiva. Em Fevereiro, fiz o Workshop “O meu Avatar”, em que as crianças foram convidadas e pensar em si mesmas como heróis e heroínas, e a representarem-se com todas as suas fatiotas, acessórios, e tudo o mais que imaginassem. Foi fantástico perceber que, os adultos chegam a estes workshops cheios de auto dúvidas e receios; precisamos sempre de aquecer e quebrar o gelo até à arte começar a fluir; já os miúdos, assim que se sentam e vêm os materiais na mesa, agarram-se logo a eles para criar alguma coisa. Arte é mesmo magia!

Em Março, os Workshops “Kids” continuam, desta vez para os mais pequenos (dos 6-10), e quero convidá-los a representar o mundo à imagem de Salvador Dali: louco, fantasioso, criativo. Acho que vai ser super divertido, e não vão ter problemas nenhuns em criar coisas fantásticas.

A minha mesa está cheia de projetos fixes, e agora o meu grande desafio será saber dizer “não” na altura certa, ser

Que o vosso mês de Março continue cheio de boas energias como o meu!

Abreijos

Ilustração editorial de um cavalo rodeado dos seus amigos animais da floresta, vendo o seu reflexo na água como um unicórnio.

Margarida PiresComentário