Aprender a andar de novo
Feliz 25 de Abril!
E que nunca tomemos a nossa liberdade de comunicação por garantida.
Abril águas mil, e com o avançar do ano e das estações, parece que também a minha vida se vai desenrolando como elas. No final deste mês retomo o trabalho no banco, de onde estive afastada por um ano. E certamente que me vou lembrar de muita coisa, mas com outras coisas, será como aprender a andar de novo. Um ano é muito tempo! Neste tempo, aprendi muitas lições, e passei por um processo de transformação interior muito baseado num redescobrir de mim própria, de onde é o meu espaço e como posso ser a “Margarida”, que agora tem dois filhotes, um projeto de negócios em curso, um trabalho a tempo inteiro, uma casa para gerir, e no meio disto tudo não se quer perder a si própria (outra vez!).
Aprender coisas novas foi sempre o meu grande motivador em muitas situações na minha vida, traz-me uma adrenalina sem par, independentemente da área de conhecimento ou de quanto tempo possa demorar. Sou daquelas pessoas que, se dependesse de mim, estaria sempre a aprender! O meu défice de atenção obriga-me a redefinir as minhas rotinas, mais ou menos, mensalmente, senão aborreço-me de morte e acabo por não levar nada até ao fim, por isso aprender algo novo é uma excelente forma de fazer isso. É claro que sair da nossa zona de conforto por vezes não é fácil, e pode ser frustrante quando as coisas não acontecem tão facilmente como gostaríamos. Mas, enfim, tricotar um porta copos que devia ser um cachecol, ou pintar uma banana que devia ser um barquinho no rio, faz parte do processo; estas histórias ficam na memória e são ótimos desbloqueadores de conversa!
Quando investimos na formação na área criativa, há um enorme rol de competências que se treinam, e novas que se adquirem. Na aguarela especificamente, há muitas lições a aprender nos campos da paciência, aceitação do próprio, e da descontração. Há algo de mágico no observar dos pigmentos a dançar na água, mas também de frustrante porque a aguarela tem vontade própria e faz o que quer! Por isso é um equilibrio constante entre “empurrar” a tinta para onde queremos, e saber quando parar, o que para mim é a parte mais difícil.
A primeira vez que ensinei um workshop, estava tão nervosa que tremia por todos os lados. Mas, invoquei o espírito da Margarette, e disse à Margarida “recosta-te e aprecia”. E enquanto abria a boca para dizer o primeiro olá, parecia que me transformava, e de repente passavam seis horas a correr. No fim, senti-me exausta, mas cheia de borboletas de felicidade. Era uma adrenalina incrível, porque era eu que estava a permitir que outros também com sede de conhecimento aprendessem algo novo, e estava também a aprender ao mesmo tempo. Quando dou um workshop, ensino muita coisa, mas aprendo muita coisa também, porque somos todos humanos diferentes com perspectivas diferentes, e tento sempre que haja comunicação aberta, mesmo com a malta mais tímida.
Se pensares que não tens nada a acrescentar, “não percebo nada disto”, que ainda tens tudo para aprender, tenta uma experiência destas um dia. Prometo, que te vais surpreender. Ideia gera ideia, e à mesa onde nos sentamos para aprender aguarela, guache, desenho, ou qualquer outro conteúdo, acontece magia, e todos somos alunos e professores ao mesmo tempo.
Aprender algo novo pode ser uma experiência tanto hilariante como aterrorizante. Mas uma coisa te garanto: o terror passa depois de primeira pincelada, e depois ficam só as gargalhadas e as boas memórias.