O equilíbrio dos Reinos

Cedo, ela viu a solução: tinha que fazer todos os reinos funcionarem, em conjunto!

 

Em certas alturas, a vontade dela foi de arrancar cabelos, entregar a coroa e simplesmente dizer “eu não consigo fazer isto”

Vivemos num mundo que funciona a 536473463Km/h . Somos constantemente puxados em X e Y direção, as exigências são mais que muitas: a família, o trabalho, as relações humanas, a gestão financeira, a diversão e cultura! Eu gosto de olhar para todas estas partes da minha vida como diferentes “reinos”. Estás a ver a analogia da Rainha? Então acompanha-me lá.

Ela sentava-se lá no Castelo no alto da colina, e todos os dias tinha habitantes dos vários reinos fazendo fila à porta do castelo para explicarem as suas frustrações e o que estava a faltar.

O reino da família, queixava-se que ela já não fazia tempo para se sentar ao pé deles e só aproveitar a companhia, dizer umas piadas, jogar os jogos que todos gostavam; o reino do trabalho, cinzento e carrancudo, queixava-se que ela já não sentia gosto no que fazia; o reino dos amigos, resmungava que as coisas aconteciam e ela nem sabia delas, nem visitava para querer saber; o reino da moeda, sempre ambicioso e esforçado, dizia que ela já não se esforçava para organizar as necessidades de todos como devia ser; e o reino da diversão e cultura, onde antes ela incluía pelo menos uma vez por semana um acontecimento onde todos pudessem relaxar, rir um bocadinho, ou aprender algo novo, chorava de tristeza por nada disso acontecer há tanto tempo.

Em certas alturas, a vontade dela foi de arrancar cabelos, entregar a coroa e simplesmente dizer “eu não consigo fazer isto”. Sonhava com dias longínquos, em que o tempo parecia chegar para tudo, e ela não sentia esta insatisfação constante por achar que estava sempre alguma coisa em falta. Parecia até que, não ia ser bem sucedida em nenhuma área, porque estava sempre “em falta”.

 
 

É claro que desistir não era a solução; então ela subiu para a sua bicicleta e continuou a andar

Cedo chegou à conclusão que, o “truque” era tentar manter o equilíbrio nos diferentes reinos; a insatisfação constante que sentia, vinha da frustração de se sentir completamente absorvida por dois reinos: o trabalho e a família, e todos os outros terem ficado completamente para trás.

Nós somos seres humanos complexos, com várias necessidades diferentes, e quando alguma dessas necessidades básicas não é atendida, a frustração começa a tomar conta! Hoje em dia, isto é habitualmente chamado de “self-care”. O cuidado contigo próprio!

Não vale dizer “não tenho tempo”, porque nós somos donos do nosso próprio tempo e escolhemos o que fazer com ele. Até no nosso local de trabalho, em que alguns podem dizer que o “tempo é do patrão”, ainda assim o tempo é nosso: nós é que escolhemos focarmo-nos mais ou menos, preocuparmo-nos com as estratégias certas ou não, descobrir as coisas no nosso trabalho que nos dão verdadeiro prazer, e assim “subir na bicicleta” e continuar a andar. É quando paramos que vem a verdadeira insatisfação.

Por isso é que o equilíbrio na nossa vida é tão importante: venha quem vier, tens que fazer o tempo para estares com os amigos; para jogares Jenga ou Uno ou o que quer que os teus filhos gostem, nem que seja por 30m ao fim do dia (são só 30m!), para organizares e planeares a tua vida, de modo a que no dia a dia não tenhas que te preocupar em “o que é que eu tenho para fazer?”, e seja só executar; para ires ao cinema, sozinho ou acompanhado, para pintar ou desenhar, ou para aprender aquela skill nova que há tanto tempo te alicia.

Eu acabei de fazer uma hora para escrever esta publicação. E soube-me “a pato”. A seguir vou pintar mais um bocadinho. E agora, neste lindo domingo de sol, vais fazer tempo para o quê?

 
 
Margarida PiresComentário